A pior parte de uma “guerra”, com ou sem aspas, é perceber se, realmente, terminou. Podem-se assinar tratados de paz, podem haver capitulações, rendições totais ou mesmo retiradas… Não vale a pena criar ilusões, a guerra não se extingue. A guerra não pode ser extinta. Pelo menos a quem lhe sobreviveu.
Há um momento em que o corpo, depois de passar o limite de exaustão fica fundido com guerra. Como um reflexo incondicional, o corpo passa a reagir mesmo quando ela já não está lá. Ela, acaba por se tornar numa paixão doentia, para além de qualquer fronteira do racional.
Os únicos momentos em que se consegue fugir desta vertigem acabam por ser aqueles em que também, de forma irracional, vemos algum reflexo de instantes de felicidade de um passado que se duvida que alguma vez tenha existido. Rapidamente, percebe-se que esses instantes são polaróides velhas que apenas trazem algum conforto momentâneo.
E o que sobra? Toda uma imensa guerra da qual, estupidamente, temos algum orgulho em ter sobrevivido. Mas será que podemos dizer que sobrevivemos?